A imprensa regional e local enquanto fonte documental.

A imprensa regional é como todos nós sabemos um manancial quase inesgotável de temáticas possíveis de abordar do ponto de vista histórico. Num jornal com alguns anos há sempre algum assunto que nos aguça a curiosidade e de uma forma ou outra tentamos saber algo mais ou guardar para mais tarde juntamente com outra informação ser possível trabalhar. Recentemente tive oportunidade de folhear entre outros um exemplar do Jornal do Algarve do dia 5 de Novembro de 1976, onde me deparei com um anúncio de abertura de concurso público da autarquia silvense que achei interessante partilhar com os leitores do Terra Ruiva. A razão prende-se essencialmente pela coincidência que no período em que descobri este anúncio e escrevo estas linhas uma das infra-estruturas para as quais se abria o concurso público para “arrematação da obra” se encontrar, agora, mais de 34 anos depois em obras. Trata-se da estação de tratamento de esgotos de São Bartolomeu de Messines que conjuntamente com o emissário de águas domésticas eram anunciados com uma base de licitação de 4.548.492$00, concurso esse que abriu no dia 28 de Outubro e fecharia no dia 26 de Novembro desse ano de 1976. Sendo o acto público do concurso realizado três dias depois do fecho, ou seja dia 29 de Novembro, nos paços do concelho em Silves. É claro que como em qualquer concurso público, o caderno de encargos e o programa estiveram disponíveis para consulta na secretaria da Câmara Municipal de Silves no horário de expediente, diariamente excepto fins de semana e feriados.
Neste caso e visto que não aprofundei a pesquisa trago-vos um documento isolado, mas que quando confrontado com mais documentação da época, sendo ela oficial, peças de imprensa ou mesmo áudio-visual pode ser utilizado, a título de exemplo, como indicador da melhoria de qualidade de vida de uma localidade, para analisar índices de “progresso”, ou mesmo assinalar a introdução de novas técnicas/ tecnologias que até então poderiam não estar disponíveis e por vezes são difíceis de saber quando foram introduzidas, sendo estes dados potenciais indicadores.
A publicação de onde foi tirado este “recorte” ainda continua a laborar e é um dos mais lidos periódicos algarvios, sem os quais o trabalho dos investigadores de história contemporânea estaria restringido a um número muito menor de documentos, assim como a uma visão redutora da realidade vivida na época. A existência deste tipo de projectos editoriais, nos quais o Terra Ruiva também se insere, é o garante de muita informação que se perderia com o passar do tempo, pois os jornais e revistas de grande tiragem ou de nível nacional estão pouco vocacionados, nem existe espaço editorial neles para muitos conteúdos locais, assim como estes seriam pouco relevantes para maior parte dos leitores, visto estes estarem num contexto muitas vezes radicalmente diferente e sem pontos de contacto com o quotidiano local/regional. Felizmente a criação de hemerotecas, algumas delas digitais, ajudam e muito o investigador que por vezes nem tem de sair de casa para consultar o que pretende e torna o risco de danificar algumas publicações mais fragilizadas nulo, pois o original está digitalizado e guardado em segurança, podendo trabalhar sobre a impressão, anotar, sublinhar conteúdos e melhor não tendo limitações como horários ou deslocações.

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