Mercados Municipais: Locais de saberes e experiências.


Para além do abastecimento dos centros urbanos com produtos hortícolas e piscícolas frescos, os mercados municipais desde sempre se assumiram como um importante ponto de confluência e comunicação entre as gentes das vilas ou cidades e aqueles que se deslocavam dos campos, do barrocal ou que desciam as serras. Assim, mais do que locais de comércio, rapidamente se tornaram espaços de convivência, de troca de informações e experiências. Nos mercados, ainda hoje se fala um pouco de tudo, das novidades, das colheitas, enfim de todos os aspectos da vida quotidiana das comunidades.
Apesar da passagem dos anos, com todas as mudanças sociais e culturais que entretanto se verificaram, estes espaços apresentam ainda uma vitalidade notável. No entanto nem sempre as pessoas se apercebem da importância patrimonial dos locais que albergam a actividade comercial, que vai muito para além da simples venda de produtos. Quando se fala do valor patrimonial não nos referimos apenas ao físico e visível, que é muitas vezes interessante, mas sim a tudo aquilo que resulta do encontro das pessoas. Neste âmbito deve salientar-se a troca de informações várias sobre a região e os seus habitantes, ou a partilha de conhecimentos relativos às colheitas, aos atributos de cada planta e a mezinhas ou receitas caseiras para os mais diversos fins. Em suma, a todo um conjunto de aspectos que se identificam com a vertente imaterial do património, e que se revelam sobretudo nos hábitos e comportamentos dos seus protagonistas. Tudo isto constituí uma rica panóplia de temas que podem ser identificados, registados e estudados, tendo em vista a preservação e divulgação daquilo que caracteriza os valores e identidades locais.
De facto, o “ir à praça” está enraizado nos costumes da população e tem vindo a atrair novos adeptos entre os vários estratos etários dos residentes em meios urbanos, factores que justificam uma homenagem a este património comunitário, em toda a sua dimensão. A atenção que este tema merece tem vindo a aumentar nos últimos anos, todavia alguns mercados municipais carecem ainda de estudos de património que, a par do edificado (por vezes exuberante) contemplem uma abordagem de carácter antropológico permitindo traçar um quadro mais completo desses espaços. Como resposta a uma necessidade premente encontra-se em fase de desenvolvimento um projecto de estudo que incidirá sobre alguns mercados da região, pretendendo ser um garante de salvaguarda de parte das suas memórias.

Comentários

Anónimo disse…
2 bens portugueses propostos a património europeu 2014: http://pt.blastingnews.com/cultura/2014/12/patrimonio-europeu-2014-peritos-propoem-2-bens-de-portugal-00215417.html

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