A Cor e o Património


A princípio pode parecer descabido mas é urgente e necessário harmonizar a paleta cromática com que se pintam os edifícios de maior antiguidade ou valor patrimonial e optar pelo original ou o mais parecido possível.
Cores políticas à parte o caso que me despertou atenção foi precisamente o edifício da candidatura do PS à autarquia Silvense, mas este não é único, pois existem muitos pelo concelho fora.
Chamo desde já à atenção as colorações que os próprios organismos gestores do Património Edificado em Portugal dão aos edifícios históricos, veja-se o exemplo da “febre amarela”, que surgiu nos últimos anos em edifícios que comprovadamente usariam cores mais comuns como o branco da cal ou o ocre.
Assiste-se um pouco por todo o concelho de Silves à pintura indiscriminada de pequenas casas ditas “tradicionais” de rosa ou amarelo ou ainda outras, quando estas originalmente eram simplesmente caiadas de branco. É claro que existem sempre excepções e surgem edifícios de outras cores nos quais sou sempre defensor da preservação da cor original.
Existem, felizmente, algumas autarquias que começam a demonstrar a sua preocupação no campo da cor no interior dos centros históricos ou edifícios de interesse patrimonial.
Não pretendo com este artigo criticar duramente, mas sim alertar e chamar a atenção para este aspecto por vezes esquecido mas de grande importância para a nossa identidade cultural.
Foto gentilmente cedida por Manuel Castelo Ramos, o edíficio da foto já foi falado em http://sacodosdesabafos.blogspot.com/

Comentários

Esta questão das cores parte completamente da formação que tive e especialmente de dois acérrimos defensores da originalidade da paleta cromática, o Prof. Francisco Lameira e o Prof. José Eduardo Horta Correia, com os quais concordo inteiramente. O convento de Mafra e os edifícios do Terreiro do Paço nunca foram tão amarelos até chegar lá o Ippar!

1º ponto) A maior parte das argamassas antigas reage melhor à Cal que aos produtos sintéticos.

2º) Pintar os edifícios de amarelo ou rosa ou outra cor, como é habitual é descabido, pois dá a quem não sabe uma leitura errada do monumento ou edifício. Deturpa para os visitantes se não houver nada a indicar podem perfeitamente julgar que sempre foi assim.

É uma questão complicada e nunca haverá consenso quanto a ela.: )
Manuel Ramos disse…
O branco cal, o vermelho manganês, o azul cobalto ou o ocre argila são, além das cores da nossa bandeira/paleta regional, os produtos autóctones que ainda temos entre mãos, sem necessidade de os importar. E aqueles que, como diz o Marco, melhor se adequam às argamassas tradicionais e as dixam "respirar". Como um bom vinho se faz, não lhe ponham rolha sintéctica! Deixem as Dyrups ou as Robialac para as novas construções...
Sergio Pereira disse…
Infelizmente a sua preocupação não é nada descabida.
É cada vez maior o desenquadramento das cores nas fachadas dos imóveis. Isto, sem falar nas alteração das fachadas, construções descontextualizadas,etc.etc...

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